Capítulo I Estimativa
Texto Integral
74 páginas
ISBN: 978-85-66798-31-9
Preço: R$ 5,10
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Sun Tzu disse: a guerra é de vital importância para o Estado; é o domínio da vida ou da morte, é o caminho para a sobrevivência ou a perda do Império: é preciso manejá-la bem. Não refletir seriamente sobre tudo o que lhe concerne é dar prova de lastimável indiferença no que diz respeito à conservação ou à perda do que nos é mais querido; e isso não deve ocorrer entre nós.
Resultado de uma guerra
Para prever-se o resultado de uma guerra, devemos analisar e comparar as nossas próprias condições, e as do inimigo, baseados em cinco fatores.
Há que valorá-la e fazer comparações entre as diversas condições dos contendores, com vistas a determinar o resultado da guerra.
O primeiro desses fatores é a doutrina; o segundo, o tempo, o terceiro, o terreno, o quarto, o mando e o quinto, a disciplina.
A doutrina significa aquilo que faz com que o povo esteja em harmonia com o seu governante, de modo que o siga aonde for, sem temer por sua vida, nem de se expor a qualquer perigo. O caminho é o que faz com que as ideias do povo estejam de acordo com a de seus governantes. Assim, as pessoas irão compartilhar do medo e da aflição da guerra, porém, estarão ao lado dos interesses do estado, quaisquer que seja o caminho escolhido.
O tempo significa o Ying e o Yang, a noite e o dia, o frio e o calor, dias ensolarados ou chuvosos e a mudança das estações.
O terreno implica as distâncias, e faz referência onde é fácil ou difícil deslocar-se, se é em campo aberto, ou lugares estreitos, e isto influencia as possibilidades de sobrevivência. Indica as condições da natureza: se o campo de batalha está perto ou longe, se é estrategicamente fácil ou difícil, se amplo ou estreito, e se as condições são favoráveis ou desfavoráveis à chance de sobrevivência.
O mando há de ter como qualidades: a sabedoria, a sinceridade, a benevolência, a coragem e a disciplina. É o comando que refere-se às virtudes do comandante.
A disciplina há de ser compreendida como a organização do exército, as graduações e classes entre os oficiais, a regulação das rotas de mantimentos, e a provisão de material militar para o exército. Diz respeito à organização eficiente, à existência de uma cadeia de comando rígida e a uma estrutura de apoio logístico.
Estes cinco fatores fundamentais hão de ser conhecidos por cada general. Aquele que os domina, vence; aquele que não os domina, sai derrotado. Portanto, ao traçar os planos, há de se comparar os seguintes sete fatores, avaliando-se cada um com o maior cuidado:
Qual povo escolheu seu caminho?
Qual dirigente é o mais sábio e capaz?
Que comandante possui o maior talento? Qual comandante tem mais habilidade?
Que exército obtém vantagens da natureza e terreno? Qual dos lados tem a vantagem do clima e do terreno?
Em que exército se observam melhor os regulamentos e as instruções? Qual dos exércitos manifesta uma disciplina mais efetiva?
Quais as tropas mais fortes? Qual dos lados possui superioridade militar?
Que exército tem oficiais e tropas melhor treinadas? Qual dos lados tem os soldados mais bem treinados?
Que exército administra recompensas e castigos de forma mais justa? Qual dos lados possui um sistema de recompensas e de castigos mais justo e claro?
Mediante o estudo desses sete fatores, serás capaz de adivinhar qual dos dois grupos sairá vitorioso e qual será derrotado.
O general que seguir o meu conselho vencerá. Esse general há de ser mantido na liderança. Aquele que ignorar os meus conselhos, certamente será derrotado, e deve ser destituído. Além de prestar atenção aos meus conselhos e planos, o general deve criar uma situação que contribua para o seu cumprimento. Por situação quero dizer que deve levar em consideração a situação do campo, e atuar de acordo com o que lhe for vantajoso.
Dissimulação
A arte da guerra se baseia no engano. Portanto, quando és capaz de atacar, deves aparentar incapacidade e, quando as tropas se movem, aparentar inatividade. Se estás perto do inimigo, deves fazê-lo crer que estás longe; se longe, aparentar que se está perto.
Um bom chefe deve:
Oferecer uma isca para fascinar o inimigo que procura alguma vantagem;
Capturar o inimigo quando ele está em desordem;
Preparar-se contra um inimigo, se este for poderoso.
Se o inimigo:
For orgulhoso, provoque-o;
For humilde, encoraje sua arrogância;
Estiver descansado, desgaste-o;
Estiver unido, estimule a cizânia entre suas tropas.
Golpear o inimigo quando está desordenado. Preparar-se contra ele quando está seguro em todas as partes. Evitá-lo durante um tempo quando é mais forte. Se teu oponente tem um temperamento colérico, tenta irritá-lo. Se é arrogante, trata de adular o seu ego.
Se as tropas inimigas se acham bem preparadas após uma reorganização, tenta desordená-las. Se estão unidas, semeia a dissensão entre suas fileiras. Ataca o inimigo quando não está preparado, e aparece quando não te espera. Estas são as chaves da vitória pela estratégia.
Agora, se as estimativas realizadas antes da batalha indicam vitória, é porque os cálculos cuidadosamente realizados mostram que tuas condições são mais favoráveis que as condições do inimigo; se indicam derrota, é porque mostram que as condições favoráveis para a batalha são menores. Com uma avaliação cuidadosa, podes vencer; sem ela, não podes. Menos oportunidades de vitória terá aquele que não realiza cálculos precisos. Graças a este método, pode-se examinar a situação, e o resultado aparece claramente.
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