Por Henry Alfred Bugalho
Texto Integral
168 páginas
Preço: R$ 5,99
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Um livro assustador.
Escrito durante os primórdios da Guerra Fria e publicado em 1952, "O Senhor das Moscas" traz muito daquele desamparo do pós-guerra, pois a história começa com a queda de um avião que havia deixado a Inglaterra após um bombardeio nuclear. Deste acidente, apenas um grupo de crianças sobrevive e, para serem resgatadas, elas estabelecem uma frágil sociedade "democrática". Entretanto, a luta pela liderança divide esta comunidade e instaura um violento conflito entre as crianças. Esta obra de Golding pode ser interpretada sob várias perspectivas. Como uma analogia da luta entre a democracia, na qual todos podem ter voz, mas que, por outro lado, as decisões são arrastadas e controversas, e a ditadura, na qual um tirano estabelece um sistema hierárquico baseado na punição e no medo. Entretanto, há uma mensagem mais profunda em "O Senhor das Moscas", já que ela pode representar os conflitos dentro da própria "psiquê" humana. Ralph é a consciência, porque todos seus esforços são o de manter clareza em sua fala e ações e de agir da maneira mais correta para serem resgatados; Piggy é a racionalidade; Jack, os instintos animalescos e primitivos; Simon, a contemplação e intuição. No fundo, Golding afirma que estas contradições não existem somente no interior de uma sociedade, cujo resultado extremo é a guerra, mas também no interior de um próprio indivíduo. Vale a pena conferir, também, a versão cinematográfica de "O Senhor das Moscas", já que esta adaptação não fica devendo nem um pouco à obra original. É claro que devemos resguardar as devidas proporções, pois o livro favorece uma exploração da atividade mental das personagens, enquanto que o cinema procura meios alternativos para expressar isto. Uma obra formalmente simples, mas conceitualmente avassaladora. E terrivelmente atual.
No seriado estadunidense “Lost”, de grande repercussão mundial, foi o primeiro mencionado por Sawyer após ele capturar Jin por acreditar ter sido o responsável por atear fogo na balsa e disse, "O pessoal da praia pode ter tido médico e fiscal há um mês, mas agora é hora do Senhor das Moscas".
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