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Primeiro Capítulo: "A Máquina do Tempo" de H. G. Wells

Primeiro Capítulo: A Máquina do Tempo

Capítulo 1

A Máquina do Tempo Texto Integral
114 páginas

ISBN:
978-85-66798-04-3


Preço: R$ 5,05

O Viajante do Tempo (como o chamaremos por uma questão de conveniência) expunha-nos um intrigante problema. Seus olhos cinzentos e brilhantes faiscavam e seu rosto, habitualmente pálido, se inflamava de animação. Na lareira as brasas ardiam vivamente e a luz suave das lâmpadas incandescentes no candelabro de lírios de prata refletia-se nas bolhazinhas que se formavam e desmanchavam dentro de nossos copos. As poltronas, cujo desenho era de nosso próprio anfitrião, envolviam-nos num abraço acariciante, em vez de apenas servirem de assento. Estávamos imersos nessa deliciosa atmosfera de depois do jantar, quando os pensamentos vagueiam preguiçosamente, libertos do rigor da precisão. O Viajante do Tempo, pontuando suas palavras com o dedo magro em riste, explicava-nos o caso, enquanto nós, recostados às nossas poltronas, admirávamos sua maneira apaixonada e engenhosa de desenvolver o que, então, nos parecia mais um de seus paradoxos.

— Prestem bem atenção. Vou contestar uma ou duas ideias que são universalmente aceitas. Assim, por exemplo, a geometria que nos ensinaram na escola e que é baseada numa concepção errônea.

— Não estaremos começando num nível muito alto? — perguntou Filby, um ruivo que gostava de discutir.

— Não me proponho a pedir-lhes que aceitem seja o que for sem um fundamento racional. Logo vocês estarão concordando comigo. Sabem, naturalmente, que uma linha matemática, uma linha de espessura zero, não tem existência real. Não lhes ensinaram isso? Da mesma forma, um plano matemático. Essas coisas são meras abstrações.

— Perfeitamente — disse o Psicólogo.

— Também um cubo, tendo apenas comprimento, largura e altura, não pode ter existência real.

— A isso oponho uma objeção — disse Filby. — Por certo que um corpo sólido pode existir. Todas as coisas reais...

— É o que pensa a maioria das pessoas. Mas, espere um momento. Pode existir um cubo instantâneo?

— Não percebo — disse Filby.

— Pode ter existência real um cubo que não dure por nenhum espaço de tempo?

Filby ficou pensativo.

— Não há dúvida — continuou o Viajante do Tempo — que todo corpo real deve estender-se por quatro dimensões: deve ter Comprimento, Largura, Altura e... Duração. Mas, por uma natural imperfeição da carne, que logo lhes explicarei, somos inclinados a desprezar esse fato. Há realmente quatro dimensões, três das quais são chamadas os três planos do Espaço, e uma quarta, o Tempo. Existe, no entanto, uma tendência a estabelecer uma distinção irreal entre aquelas três dimensões e a última, porque acontece que nossa consciência se move descontinuamente numa só direção ao longo do Tempo, do princípio ao fim de nossas vidas.

— Isso — falou um rapaz que fazia enormes esforços para reacender seu charuto à chama de uma lâmpada — isso... de fato... muito claro.

— Mas é surpreendente que uma coisa assim tão clara seja constantemente esquecida — continuou o Viajante do Tempo, com um laivo de bom humor na voz. — Realmente é isso o que significa a Quarta Dimensão, embora algumas pessoas quando falam na Quarta Dimensão não saibam o que estão dizendo. É apenas outra maneira de encarar o Tempo. Não existe diferença entre o Tempo e qualquer das três dimensões do Espaço, exceto que nossa consciência se move ao longo dele. Alguns tolos, porém, pegaram essa ideia pelo lado errado. Todos vocês, decerto, já escutaram o que eles vivem a dizer a respeito da Quarta Dimensão, não?

— Eu não — confessou o Prefeito Provincial.

— É muito simples. Esse Espaço, tal como o entendem os nossos matemáticos, é considerado como tendo três dimensões, que podemos chamar Comprimento, Largura e Altura, e é sempre definível em referência a três planos, cada um em ângulo reto com os outros. Mas alguns espíritos filosóficos têm indagado por que hão de ser necessariamente três dimensões — por que não mais uma direção em ângulo reto com as três outras — e experimentaram construir uma Geometria Quadridimensional. Faz pouco mais de um mês, o Professor Simon Newcomb fez uma exposição nesse sentido perante a Sociedade Matemática de Nova York. Sabemos como, sobre uma superfície plana, que tem apenas duas dimensões, podemos representar a figura de um sólido tridimensional. De igual forma, esses pensadores acham que, por meio de modelos de três dimensões, eles poderiam representar um de quatro — se conseguissem dominar a perspectiva da coisa. Compreenderam?

— Penso que sim — murmurou o Prefeito Provincial e, carregando o cenho, mergulhou num estado de meditação, movendo os lábios como se repetisse palavras místicas. — Sim, penso que agora compreendo — falou após algum tempo, e seu rosto se iluminou momentaneamente.

— Não vejo por que não lhes dizer que, de um certo tempo para cá, tenho trabalhado nessa geometria de Quatro Dimensões. Alguns de meus resultados são curiosos. Por exemplo: eis aqui o retrato de um homem aos oito anos, outro retrato aos quinze, outro aos dezessete, outro aos vinte e três, e assim por diante. Todos são evidentemente seções, vale dizer, representações tridimensionais dessa criatura quadridimensional, que é fixa e inalterável.

O Viajante do Tempo fez uma pausa, a fim de que os circunstantes pudessem assimilar o que ele dissera. Depois prosseguiu:

— Os homens de ciência sabem perfeitamente que o Tempo é apenas uma forma de Espaço. Eis aqui um diagrama que vocês todos conhecem, um registro meteorológico. Esta linha que eu sigo com o meu dedo mostra o movimento do barômetro. Ontem ele subiu até aqui, à noite baixou, hoje pela manhã voltou a subir, chegando aos poucos até aqui. Por certo que o mercúrio não traçou esta linha em nenhuma das dimensões do Espaço geralmente conhecidas, não é mesmo? Mas não resta dúvida de que traçou uma linha e essa linha, não há como deixar de concluir, foi traçada ao longo da Dimensão-Tempo.

— Mas — disse o Médico, olhando fixamente para uma brasa na lareira — se o Tempo é apenas uma quarta dimensão do Espaço, por que tem sido sempre e continua sendo considerado algo diferente? E por que não podemos deslocar-nos no Tempo como nos deslocamos nas outras dimensões do Espaço?

O Viajante do Tempo sorriu.

— Tem certeza de que nos podemos deslocar livremente no Espaço? Podemos andar com bastante liberdade da direita para a esquerda, para frente e para trás, e os homens sempre o fizeram. Admito que nos movemos livremente em duas dimensões. Mas, e para cima e para baixo? Aí a gravidade já nos impõe limites.

— Não exatamente — objetou o Médico. — Há os balões.

— Mas antes dos balões, e excetuados os curtos saltos em altura ou os pulos e quedas em conseqüência das desigualdades do terreno, nunca tivemos liberdade de movimento vertical.

— No entanto, podemos mover-nos um pouco para cima e para baixo — insistiu o Médico.

— Mais facilmente, muito mais facilmente para baixo do que para cima.

— E não podemos deslocar-nos de forma alguma no Tempo. Estamos confinados ao momento presente.

— Meu caro amigo, é justamente aí que você está errado. É justamente aí que o mundo inteiro tem estado errado. Estamos saindo a cada instante do momento presente. Nossa existência mental, que é imaterial e não tem dimensões, desloca-se ao longo da Dimensão-Tempo com uma velocidade uniforme, do berço ao túmulo. Da mesma forma que viajaríamos para baixo se começássemos nossa existência cinqüenta milhas acima da superfície da terra.

— Mas a grande dificuldade é a seguinte — interrompeu o Psicólogo. — Podemos mover-nos em todas as direções do Espaço, mas não podemos fazer o mesmo no Tempo.

— Esse é justamente o germe de minha grande descoberta. Mas você está equivocado ao dizer que não podemos deslocar-nos livremente no Tempo. Por exemplo, ao me lembrar vividamente de um incidente, volto ao momento em que ele ocorreu. Estou com o espírito ausente, como se costuma dizer. Dou um salto ao passado. Naturalmente, não temos condição alguma de permanecer no passado por qualquer extensão de Tempo, assim como um selvagem ou um quadrúpede não pode permanecer no ar dois metros acima do solo. Mas o homem civilizado dispõe de muito mais recursos que o selvagem, e pode desafiar as leis da gravitação num balão. E por que não pode ele esperar que um dia, finalmente, consiga parar ou acelerar seu curso ao longo da Dimensão-Tempo, ou mesmo virar-se e viajar na outra direção?

— Oh, não — começou Filby. — Isso é...

— Por quê?

— É contrário à razão.

— Que razão? — quis saber o Viajante do Tempo.

— Você pode encontrar argumentos para demonstrar que o branco é preto, mas não conseguirá convencer-me — disse Filby.

— Talvez não — disse o Viajante do Tempo. — Mas agora vocês começam a perceber o objetivo de minhas pesquisas utilizando a Geometria Quadridimensional. Desde longa data que tenho tido uma vaga ideia a respeito de uma máquina...

— ... Para viajar através do Tempo! — exclamou o Rapaz.

— Que viajasse em qualquer direção do Espaço e do Tempo, como o seu operador determinasse.

Filby limitou-se a rir.

— Fiz uma experiência — disse o Viajante do Tempo.

— Uma máquina desse tipo seria excelente para um historiador — sugeriu o Psicólogo. — Poderia voltar ao passado e verificar se os relatos sobre a Batalha de Hastings são autênticos!

— Não acha que chamaria a atenção? — falou o Médico.

— Nossos antepassados não eram muito tolerantes com relação aos anacronismos.

— Poderíamos aprender o grego dos próprios lábios de Homero ou Platão — disse o Rapaz, sonhadoramente.

— Você certamente seria reprovado por eles logo de saída. Os helenistas alemães têm de tal modo aperfeiçoado o grego...

— E que dizer do futuro? — devaneou o Rapaz. — Imaginem só! Coloca-se todo o dinheiro num investimento, deixa-se acumular os juros — e é só dar um salto à frente!

— Para encontrar uma sociedade — disse eu — erigida sobre princípios estritamente comunistas.

— Tudo teorias extravagantes e fantasiosas! — começou o Psicólogo.

— Era o que também me parecia, por isso nunca falei sobre o assunto, até que...

— Fez a experiência! — gritei. — Vai demonstrar isso?

— A experiência! — exclamou Filby, que já se mostrava fatigado.

— De qualquer forma, vamos a essa experiência — disse o Psicólogo —, embora todos saibamos que não passa de um truque.

O Viajante do Tempo correu os olhos em volta, sorrindo. Depois, sempre com um leve sorriso e as mãos enfiadas profundamente nos bolsos das calças, saiu da sala em passos vagarosos; ouvimos o ruído de suas chinelas ao longo do extenso corredor que levava ao laboratório.

O Psicólogo olhou para nós.

— Que será que ele vai fazer?

— Algum truque de prestidigitação ou algo no gênero — disse o Médico.

E Filby aproveitou para nos falar sobre um conjurado que ele vira em Burslem. Mas antes que acabasse o preâmbulo, o Viajante do Tempo voltou e a história de Filby ficou nesse ponto.

O objeto que o Viajante do Tempo trazia nas mãos era um reluzente mecanismo de metal, pouco maior do que um pequeno relógio de parede, e de delicada construção. Tinha partes de marfim e de alguma substância cristalina transparente.

Agora devo ser perfeitamente claro, pois o que se segue — a menos que se aceite a explicação do Viajante do Tempo — é algo absolutamente incrível. Ele apanhou uma das pequenas mesas octogonais espalhadas pela sala e colocou-a em frente da lareira, com dois pés sobre o pequeno tapete à beira desta. Sobre a mesinha pôs o mecanismo. Depois puxou uma poltrona e sentou-se.

Como único objeto sobre a mesa, além do modelo, e iluminando-o em cheio, havia uma lâmpada provida de abajur. Havia em torno cerca de uma dúzia de velas, duas em castiçais de bronze sobre o consolo da lareira e várias em candelabros de parede, de modo que toda a sala estava brilhantemente iluminada. Sentei-me numa poltrona baixa perto da lareira e puxei-a mais para a frente, de modo quase a ficar entre a lareira e o Viajante do Tempo. Filby sentou-se atrás dele, observando-o por cima do ombro. O Médico e o Prefeito Provincial o observavam de perfil pela direita, o Psicólogo pela esquerda. O Rapaz sentou-se atrás do Psicólogo. Estávamos todos bem alertas. Parece-me inadmissível que, nessas condições, pudéssemos ter sido vítimas de qualquer logro, por mais sutil e habilidoso que fosse.

O Viajante do Tempo fitou cada um de nós e depois se voltou para a máquina.

— E então? — perguntou o Psicólogo.

— Este pequeno objeto — começou o Viajante do Tempo, colocando os cotovelos sobre a mesa e juntando as mãos por cima do aparelho — é apenas um modelo. É o projeto de minha máquina de viajar pelo Tempo. Poderão notar que ela tem uma aparência muito singular e que esta barra aqui tem um brilho estranho, como se fosse algo irreal. — Enquanto falava, ia apontando com o dedo. — Vêem aqui uma pequena alavanca de cor branca, e outra aqui.

O Médico levantou-se e foi olhar o objeto de perto.

— É admiravelmente bem feito — disse.

— Foram necessários dois anos para construí-lo — disse o Viajante do Tempo. E, depois que nós todos, imitando o Médico, nos levantamos e fomos examinar o objeto detidamente, continuou: — Quero agora que os senhores compreendam claramente o seguinte: pressionando-se esta alavanca, a máquina é projetada no futuro; esta outra alavanca inverte o movimento. Esta pequena sela representa o assento do viajante do tempo. Vou pressionar a alavanca, e a máquina irá funcionar. Será projetada no futuro, e desaparecerá. Olhem bem para ela. Examinem também a mesa e certifiquem-se de que não há nenhum embuste. Não desejo desperdiçar este precioso modelo e depois ser chamado de impostor.

Houve um minuto de silêncio. O Psicólogo pareceu que ia falar, mas mudou de ideia. Então o Viajante do Tempo esticou os dedos em direção à alavanca.

— Não — disse de repente. — Dê-me sua mão.

E, voltando-se para o Psicólogo, tomou-lhe a mão e pediu-lhe que estendesse o indicador. De maneira que foi o próprio Psicólogo que pôs em marcha, para sua viagem interminável, o modelo da Máquina do Tempo. Todos nós vimos a alavanca se mover. Tenho absoluta certeza de que não houve trapaça. Ouviu-se um sopro, a chama da lâmpada sobre a mesinha pôs-se a dançar vivamente, uma das velas sobre a lareira apagou-se. De repente, a pequena máquina entrou a girar sobre si mesma, tornou-se indistinta, por um segundo talvez não foi mais que uma fantasmagoria, um brilhozinho turbilhonante de metal e marfim; e desapareceu. Sobre a mesinha restava apenas a lâmpada.

Todos ficaram em silêncio por um minuto. Então Filby soltou uma imprecação.

O Psicólogo voltou a si da estupefação e, de chofre, foi olhar debaixo da mesa. Diante disso o Viajante do Tempo não conteve uma breve gargalhada.

— E então? — perguntou no mesmo tom interrogativo que o Psicólogo usara pouco antes. Levantou-se, apanhou o pote de fumo sobre a lareira e, de costas para nós, começou a encher o cachimbo.

Nós nos entreolhamos, perplexos.

— Diga-me uma coisa — o Médico foi o primeiro a falar —, você está falando sério? Acha, com toda a sinceridade, que essa máquina está realmente viajando no Tempo?

— Sem dúvida! — disse o Viajante do Tempo, abaixando-se para apanhar um tição na lareira. Enquanto acendia o cachimbo, voltou-se e fitou o Psicólogo. (Este, para demonstrar que não estava perturbado, tirou um charuto e tentou acendê-lo sem cortar a ponta.) — E não é só isso — continuou, indicando o laboratório. — Tenho ali dentro uma grande máquina quase terminada. Quando estiver pronta, tenciono viajar eu próprio.

— Quer dizer que essa máquina se encontra agora no futuro? — perguntou Filby.

— No futuro ou no passado, não posso dizer ao certo.

— Se foi a algum lugar, deve ter ido para o passado — disse o Psicólogo, após uma pequena pausa, como se tivesse tido uma inspiração.

— Por quê? — indagou o Viajante do Tempo.

— Porque presumo que ela não se moveu no espaço e, se estivesse viajando para o futuro, ainda estaria aqui neste momento, porque necessariamente teria de cumprir o trajeto de agora.

— Mas — interviu — se estivesse viajando no passado, nós a teríamos visto quando entramos nesta sala. E na última quinta-feira, quando estivemos também aqui. E na quinta-feira anterior, e assim por diante.

— Objeções sérias — falou o Prefeito Provincial, com um ar de imparcialidade, voltando-se para o Viajante do Tempo.

— Nem um pouco — respondeu ele. E, voltando-se para o Psicólogo: — Você, que é um estudioso da mente, pode explicar muito bem. É uma percepção subliminar, uma percepção diluída.

— Naturalmente — concordou o Psicólogo, tranqüilizando-nos. — Trata-se de um ponto muito simples da psicologia. Eu devia ter pensado nisso. É bastante óbvio e explica satisfatoriamente o paradoxo. Não podemos ver nem apreciar essa máquina, da mesma forma que não distinguimos os raios de uma roda girando a toda velocidade ou uma bala no ar. Se ela estiver percorrendo o tempo cinqüenta ou cem vezes mais rápido do que nós, se ela cobrir um minuto enquanto nós cobrimos apenas um segundo, a impressão produzida será de 1/50 ou de 1/100 do que seria se ela estivesse aqui imóvel. É muito claro. — E passou a mão no lugar onde a máquina tinha estado. — Estão vendo? — perguntou, risonho.

Permanecemos sentados e, por alguns minutos, ficamos olhando para a mesa vazia. Então o Viajante do Tempo quis saber o que pensávamos de tudo aquilo.

— Agora à noite parece bastante plausível — disse o Médico. — Mas esperemos até amanhã. Pelo bom-senso que volta quando acordamos.

— Vocês querem ver a própria Máquina do Tempo?

E, sem mais, tomando uma lâmpada, ele nos conduziu pelo comprido corredor, cheio de correntes de ar, que ia ter ao laboratório. Lembro-me como se fosse agora da luz vacilante da lâmpada, de sua cabeça grande e estranha em silhueta, da dança das sombras, nós todos a segui-lo, intrigados mas incrédulos. No laboratório vimos uma versão muito maior do pequeno mecanismo que havia desaparecido diante de nossos olhos. Algumas peças eram de níquel, outras de marfim; uma parte devia ter sido trabalhada diretamente sobre cristal de rocha. A máquina parecia quase pronta, exceto as barras de cristal torcido que estavam por terminar sobre a bancada, ao lado de algumas folhas com desenhos. Apanhei uma das barras para examiná-la melhor. Pareceu-me ser feita de quartzo.

— Ouça aqui — perguntou o Médico. — Isto é mesmo sério, ou você quer fazer uma brincadeira conosco, igual àquela do fantasma que nos mostrou no Natal do ano passado?

— Com esta máquina — disse o Viajante do Tempo, erguendo a lâmpada para que víssemos melhor — pretendo explorar o Tempo. Não está claro? Nunca falei tão sério em minha vida.

Nenhum de nós sabia o que dizer.

Por cima do ombro do Médico captei o olhar de Filby, que piscou para mim com a maior gravidade.

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